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Saúde Mental nas Organizações - Responsabilidade do RH e da Liderança
- 25 DE April DE 2025
- Ricardo Missel
Nos últimos anos, o tema da saúde mental ganhou destaque no ambiente corporativo, deixando de ser um tabu para se tornar uma pauta estratégica dentro das organizações. As consequências da negligência com o bem-estar emocional dos colaboradores são concretas: aumento do absenteísmo, queda de produtividade, conflitos internos e, em casos mais graves, afastamentos por transtornos psicológicos. Nesse cenário, a área de Recursos Humanos tem um papel fundamental, assumindo a responsabilidade de estruturar políticas e iniciativas que promovam um ambiente emocionalmente saudável. Mas essa missão também exige o envolvimento direto das lideranças.
Cabe ao RH desenvolver uma cultura organizacional que valorize o cuidado com a saúde mental. Isso vai muito além de campanhas pontuais ou eventos isolados. Significa incluir o tema no planejamento estratégico da empresa, promovendo a escuta ativa, treinamentos sobre empatia e inteligência emocional, programas de apoio psicológico e políticas de prevenção ao adoecimento. O RH também deve monitorar indicadores como rotatividade, licenças por saúde e clima organizacional, utilizando essas informações para tomar decisões que favoreçam a qualidade de vida no trabalho.
Um ponto importante é que a saúde mental também passou a fazer parte das exigências legais. A atualização da NR1 (Norma Regulamentadora nº 1), que trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, inclui o gerenciamento de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso reforça a obrigação das empresas em considerar o adoecimento mental como um fator real de risco ocupacional, exigindo a criação de medidas preventivas e corretivas para proteger os colaboradores também nesse aspecto.
Entretanto, por mais estruturadas que sejam as iniciativas, elas só são efetivas quando contam com o apoio ativo das lideranças.
O papel do líder na promoção da saúde mental
O líder é a principal ponte entre as diretrizes da empresa e o dia a dia do colaborador. Ele é quem identifica os sinais de sobrecarga, desmotivação e isolamento. Por isso, seu papel é essencial na construção de um ambiente seguro, onde as pessoas sintam que podem ser ouvidas e acolhidas.
Líderes que desenvolvem escuta ativa, que promovem conversas frequentes e transparentes, e que incentivam pausas e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, contribuem diretamente para o bem-estar das equipes. Não se trata de assumir o lugar de um profissional da saúde, mas de cultivar um ambiente que respeita os limites humanos e que valoriza o cuidado como parte da rotina.
Treinamentos para lideranças sobre saúde mental, inteligência emocional e comunicação não violenta devem fazer parte da formação de qualquer gestor. Afinal, quando a liderança se posiciona como aliada da saúde mental, ela fortalece o elo de confiança com o time, favorecendo o engajamento e a produtividade.
Empresas que adotam uma postura ativa em relação à saúde mental são percebidas como ambientes mais humanos, respeitosos e sustentáveis. Isso tem reflexo direto na atração de talentos, especialmente entre as novas gerações, que valorizam cada vez mais o bem-estar e o equilíbrio de vida como critérios para escolher onde trabalhar.
Do ponto de vista da performance, os resultados também são claros. Colaboradores emocionalmente saudáveis são mais produtivos, colaborativos, criativos e comprometidos com os objetivos do negócio. Além disso, um ambiente psicologicamente seguro reduz erros, aumenta a inovação e promove relações de trabalho mais saudáveis.
Em contrapartida, ambientes que ignoram a saúde emocional tendem a perder talentos com facilidade, enfrentar crises de clima e carregar altos custos com afastamentos e turnover.
Cuidar da saúde mental dos colaboradores não é mais um diferencial; é uma responsabilidade inegociável. Cabe ao RH liderar essa pauta de forma estruturada e estratégica, mas é indispensável que os líderes estejam preparados e engajados nesse processo.
Organizações que promovem a saúde emocional como parte da cultura colhem os frutos de uma equipe mais forte, engajada e capaz de sustentar bons resultados no longo prazo. É com esse olhar humano e consistente que o futuro do trabalho se consolida.